sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O Filho de Mil Homens, de Valter Hugo Mãe


"Quem tem menos medo de sofrer tem maiores possibilidades de ser feliz."


Esta é a história de Crisóstomo, o homem que era só metade e que adotou o Camilo para se sentir inteiro. Camilo disse ao 'pai' que devia arranjar uma mulher para passar a ser o dobro. 
E é assim, com esta linguagem chã, que Valter Hugo Mãe trata o tema do amor e da família. O autor usa, também, por vezes,  uma linguagem bruta, grosseira até, ao abordar temas que são alvo de discriminação, como a homossexualidade e o nanismo.
"Ser o que se pode é a felicidade" é o maior ensinamento desta obra: somos felizes, aceitando o que temos e o que somos. "Não adianta sonhar com o que é feito apenas de fantasia e querer aspirar ao impossível. A felicidade é a aceitação do que se é e do que se pode ser".
É, em suma, um romance simultaneamente ternurento e violento, aflitivo e divertido, de um autor contemporâneo de reconhecido valor, apesar da jovem carreira. Há menos de um mês, foi atribuído ao escritor o Grande Prémio Portugal Telecom de Literatura.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A Voz dos Deuses

      O livro que eu estou a ler é A Voz dos Deuses, de João Aguiar, publicado pelas Edições ASA, e já na 23.ª edição. 
       Para mim, esta obra é interessante. É a primeira vez que eu estou a ler uma obra de João Aguiar e, a meu ver, esta obra está bem conseguida, porque me faz pensar que eu faço parte da história. Este tipo de livro é um dos meus favoritos.
      Este livro é sobre a Península Ibérica em 147 a.C., quando a República Romana tentava, já há muitos anos, apoderar-se dela. Esta conquista estava a ser difícil para os Romanos, que não conseguiam o seu objetivo, devido a Viriato. Viriato foi o líder dos Lusitanos que mais dificultou a tarefa dos Romanos. A obra desenrola-se à volta da vida deste homem, que foi um génio militar, político e diplomático, o primeiro herói português, como o apresenta Camões n'Os Lusíadas.
      

O sono da morte


O sono da morte, escrito por Dick Haskings, é um livro policial que transmite várias emoções para o leitor.
O autor deste livro é, na verdade, António Andrade Albuquerque, que usa o pseudónimo Dick Haskins.
É um escritor português que se notabilizou pelos seus romances policiais.
A temática do livro baseia-se num crime ocorrido na mansão de um milionário chamado Éric Morgan. Envolve a polícia que tentará descobrir o culpado. Todas as provas incriminavam Hilda Morgan, a sobrinha do milionário. Na história temos também Dick Hasnkins, um repórter, que está a cooperar com a polícia e que tenta descobrir o verdadeiro homicida.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Bichos

O livro Bichos, escrito por Miguel Torga em 1940, é um clássico da literatura portuguesa. Miguel Torga foi um grande escritor, poeta, teatrólogo, contista e memorialista. 
A ideia principal deste livro centra-se na vida e na cultura de uma sociedade, onde vão aparecer animais e humanos. Cada um dos catorze contos deste livro possui um protagonista diferente. No primeiro conto, o protagonista é Nero. Nero era um cão que, enquanto pequeno, era adorado por todos, quando cresceu já ninguém queria saber dele e ele acabou por morrer na solidão. Noutro conto, temos o Morgado que era um burro de carga que, enquanto jovem, acartava tudo o que o seu dono lhe punha em cima, mas, quando ficou velho, perdeu quase toda a sua força e foi abandonado pelo caminho.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

        

O Homem do País Azul                                                               



Autor: Manuel Alegre
1.ª edição: Abril de 1989
2.ª edição: Março de 2000






A obra  que estou a trabalhar relativamente ao Projeto Individual de Leitura é O Homem do País Azul.

O livro é composto por 10 contos, sendo estes:   "O Homem do País Azul", "A Senhora do Retrato", "A Grande Subversão", "A Última Noite", "Artur os Múltiplos de Três", " O Outro Lado", "A Pedra", "O Aviso", "Nevermore" e, por fim, " Pessoa e Nenhum".


Ainda não terminei de ler, contudo até agora a minha opinião tem-se mantido positiva, na generalidade, despertando-me interesse para a leitura dos restantes contos.

                                                                          
Relativamente ao conto «O Homem do País Azul»,  Vladimir é um homem que diz ser de um país azul, desconhecido dos demais, devido à falta de informação que estes tinham sobre o sujeito e sobre o próprio pais em si.

Vladimir não tinha amigos exeto um, a quem contou parte de sua vida, escondendo sempre de onde vinha.
Este só descobriu de onde Vladimir era, quando, numa manhã de 25 de abril recebeu uma chamada de um sujeito a gritar "Revolução, Lisboa é um País Azul!"                                  

  
                         

domingo, 21 de outubro de 2012

O livro Tanta Gente, Mariana, escrito por Maria Judite de Carvalho, é constituído por oito contos.Os que já li falam sobre a solidão das pessoas e o silêncio delas.
O que me fez gostar deste livro foi o facto de hoje em dia muitas pessoas sentirem a solidão, o que é muito triste, apesar de estarem rodeados de amigos e de família. É o que acontece no conto "Tanta Gente, Mariana" onde a personagem Mariana passa na solidão uma fase difícil da sua vida.


As Pequenas Memórias é um livro de recordações que fala no período entre os quatro e os quinze anos da vida de José Saramago. O autor "Queria que os leitores soubessem de onde saiu o homem que sou" diz José Saramago.
O autor fala da sua família e do tipo de relacionamento que tinha com os pais, recordando o primeiro carinho público que sua mãe lhe fez, por volta dos 6/7 anos, quando lhe ofereceu um balão de cuja cor não se lembra. O pai de José batia na esposa e isto serviu-lhe de exemplo para que ele nunca levantasse a mão a uma mulher. Como ele diz: ”Serviu-me de vacina”. A sua família era muito humilde. Os seus avós eram analfabetos. Mas José Saramago descreve seu avô como um filósofo. Alice era uma amiga desde infância e Saramago recorda umas brincadeiras “interessantes”que tiveram… 
A frase que mais me marcou neste livro foi: “Deixa-te levar pela criança que foste”.
Espero que vocês algum dia tenham oportunidade de o ler.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

As Histórias da Terra e do Mar

       Histórias da Terra e do Mar, escrito por Sophia de Mello Breyner Andresen, é composto por cinco contos. A capa do livro é muito simples e só por a observarmos não encontramos pistas relativas ao assunto do livro, apesar de vermos uma imagem que se assemelha a um rendilhado.
   Li todos os contos. A autora deste livro descreve muito, o que tornou difícil  perceber certas passagens e perceber o que a autora queria dizer. De dois dos cinco contos não percebi completamente nada, pois era difícil por ter muita descrição e não ter falas. "A Casa do Mar" é um desses contos onde praticamente não existe ação. O mesmo acontece em "Vila D' Arcos".
     Os contos de que gostei mais foram "História da Gata Borralheira" e "Saga".
   A "História da Gata Borralheira" é uma adaptação da história da Cinderela mas com um final trágico. Este conto é sobre uma rapariga de dezoito anos que sonhava ir a um baile com um vestido maravilhoso, pois o seu primeiro baile não correu exatamente como queria. Passados vinte anos, voltou ao mesmo baile mas já com o vestido e os sapatos que tanto desejava. Só que no final acaba por morrer de uma síncope cardíaca.
     Já o conto "Saga" é sobre um rapaz chamado Hans que queria ser marinheiro, mas o pai não o deixava por ter medo que este morresse no mar. O Hans fugiu da ilha Vig, onde morava, e foi com outros marinheiros para uma terra do Sul. Passou a sua adolescência lá e tornou-se marinheiro com ajuda de um capitão que conheceu. Teve muito sucesso e mandava cartas para os pais, mas, nas cartas que recebia de volta, a mãe dizia-lhe que seu pai não o iria receber. Certa altura, o capitão morreu e Hans ficou os negócios dele, não podendo ir navegar frequentemente. Certo dia adoeceu e como sabia que estava prestes a morrer mandou construir um navio em cima da sua sepultura: "porém é nesse navio que, nas noites de temporal, Hans sai a barra e navega para o Norte, para Vig, a ilha."

terça-feira, 16 de outubro de 2012

O Conde D'Abranhos

Romance de Eça de Queirós, publicado postumamente (1925), onde o autor traça uma crítica, sempre atual, aos políticos portugueses.
O romance apresenta-se como uma espécie de biografia de Alípio Abranhos, redigida pelo seu secretário, Z. Zagalo, que numa carta dirigida à viúva «Ex.ma Sr.ª Condessa d'Abranhos», carta essa que contextualiza as «notas biográficas» que compõem o livro, se assume como um grande conhecedor do falecido.
Num tom afetado, excessivamente elogioso do Conde, Zagalo traça o retrato do «nobre estadista», pensando que lhe está a fazer um elogio póstumo, mas acabando por pôr a nu, involuntariamente, a falta de caráter, a vileza, a hipocrisia e a ignorância do bacharel, deputado e, finalmente, Ministro da Marinha, Alípio Abranhos: «Este estudo não é propriamente uma biografia em que deva seguir, ano a ano, a carreira intelectual do seu vasto espírito. São simples apontamentos, quadros destacados de uma nobre carreira, que servirão para que um mais alto engenho (...) reconstrua, com suficiente relevo, esta soberba figura histórica». (pág. 32).
O verdadeiro caráter do Conde  é revelado em inúmeros episódios que dão conta de atitudes nada nobres:
  • a repulsa pela família, por ser pobre e sem formação - «compreender-se-á facilmente que o jovem Alípio (...) se achava extremamente deslocado na companhia pobre e iletrada do pai» (pág. 33); esta repulsa é novamente evidenciada quando, já deputado, não aceita que os pais vão viver para Lisboa, muito menos na sua casa, com receio que «essa companhia plebeia» prejudicasse a sua imagem de homem público; a morte do pai na miséria, facto que foi alvo de aproveitamento político por parte dos seus opositores, leva o Conde a acreditar que o próprio pai tinha combinado isso com o deputado da oposição, para se vingar;
  • o ódio pela pobreza: «a pobreza e os seus aspectos era-lhe odiosa», afastando «com dureza os pobres» que no Chiado lhe pediam esmola e ficando «todo o dia enjoado» se se aproximava deles (pág. 33);
  • o seu conceito de solidariedade social - Alípio Abranhos apresenta na câmara de deputados um projeto equivalente a uma condenação dos pobres a uma pena de prisão perpétua com trabalhos forçados, pois este projeto pressupõe a recolha dos pobres em asilos, sem possibilidades de algum dia de lá saírem, para que não incomodassem, «com a sua face magra e com a narração exagerada das suas necessidades, as ruas da cidade» (pág. 34); para diminuir os custos que esta medida implicaria, o Conde propõe que «todo o pobre admitido seria forçado a uma considerável soma de trabalho, segundo as suas aptidões» (pág. 35);
  • a visão bipartida da sociedade, composta por duas classes, a que governa (os bacharéis) e a que sustenta os que governam (os futricas); a primeira, porque detém superioridade intelectual, dispõe do mundo; a segunda produz, paga para que o bacharel possa viver e reza a Deus para que proteja o bacharel: «Dois mundos (...) que não se podem confundir e que, vivendo à parte, com fins diferentes, caminham paralelamente na civilização» (pág. 41);
  • o projeto de reforma do ensino, da sua autoria, que defendia um ensino pela memorização, para que o espírito crítico não fosse desenvolvido e para que os estudantes se habituassem  a aceitar, sem questionar, o que lhes fosse imposto;
  • a hipocrisia com que resolve os seus casos amorosos pouco ou nada lícitos - durante o período em que frequentou a universidade, Alípio teve um relacionamento com Júlia, a jovem servente da casa onde estava hospedado; ao terminar o curso, abandonou-a grávida de três meses e quando soube que ela, tendo sido despedida pelos patrões por estar grávida, se entregou à prostituição «só concebeu por ela desprezo e repulsão» (pág. 51); já em Lisboa, Alípio teve um caso com «a mulher do Bento», apesar de conseiderar que nada existia de mais sagrado do que a família e de condenar qualquer situação de adultério; de acordo com a sua maneira de pensar, o seu relacionamento com «a mulher do Bento» não era imoral, porque se tratava de um casal modesto, logo o caso não andaria na boca do povo e não seria um exemplo pernicioso para a mocidade (para além disso, Alípio compensou o Bento, arranjando-lhe «uma posição numa repartição do Estado»);
  • a "flexibilidade" política do Conde - enquanto colaborador de um jornal, modificou em poucos minutos um artigo, passando da crítica ao Governo ao elogio, quando o avisaram  que o Governo atribuíra um subsídio ao jornal («Temos cheta!»); enquanto deputado do partido que estava no Governo, tendo percebido que o partido da oposição ganharia as eleições seguintes, mudou de partido, bastando-lhe, «com grande tacto político», subir à tribuna da câmara e proferir um discurso comovido onde se confessava triste por ver que o partido no Governo (o seu, até então) levava o país à ruína, sentindo-se, por isso, obrigado pela sua consciência, pelos seus princípios e pelo seu patriotismo «a separar-se dos amigos» cujo estandarte seguira; este golpe de génio valeu-lhe a promessa de um ministério quando o partido da oposição chegasse ao Governo;
  • a ignorância - eleito deputado por Freixo de Espada à Cinta, uma comarca de Trás-os-Montes, promete que um dia visitará aquela «bela província do Minho» (pág. 117); designado Ministro da Marinha, assume o medo do mar e o horror a navios e comete a gafe de se referir a Moçambique como uma colónia situada na costa ocidental de África, para além de somente «depois de dezoito meses de ministro é que soube, por acaso, onde ficava Timor!» (pág. 190).
O universo da política portuguesa na segunda metade do século XIX (e no princípio do século XXI?), encimado pela nobre figura de Sua Excelência, o Conde d'Abranhos, não fica completo sem a referência a personagens como o Conselheiro Gama Torres que, segundo o narrador, era um «avaro intelectual» de quem «raras vezes se lhe tinha ouvido uma opinião nítida» (pág. 56), pois, para não fazer alarde das suas capacidades intelectuais («como fazem os franceses»), limitava-se a repetir a expressão «Ele há questões! Questões terríveis!».
Para além das personagens do mundo político, Eça presenteia-nos com uma galeria de personagens que fazem parte do círculo íntimo de Alípio Abranhos e que, por isso, rejubilam com a atribuição do Ministério da Marinha ao Conde:

«E o padre Augusto resumiu:
- Enfim, não é lá por dizer. Mas agora, estamos no poleiro!
Todos riram.
- Quero dizer - acudiu - quando digo nós... os amigos sabem, é um costume que tenho. Sou tanto daquela família... Quero dizer, enfim, o nosso Alípio está no poleiro.
Então houve um momento de silêncio. Todos gozavam aquela ideia de que eles, os amigos, os íntimos, estavam no poleiro.» (pág. 188)

Evolução semântica da palavra "poleiro": cunhas, tachos, jobs for the boys.

Os íntimos da casa do Conde d'Abranhos são:
  • o sogro, o desembargador Amado, cujo único deleite era comer, fazendo, «ao comer a sopa, um glou-glou nojento e repente, e atirava para o soalho os escarros que merecia na face» (pág. 66);
  • D. Laura, a sogra, que, «de aspecto, dava a impressão de uma régua: esguia, chata, erecta, perpendicular» e que até ao dia da sua morte «rezou, imperturbavelmente, cronometricamente, com um tique-tique de relógio» (pág. 69);
  • o padre Augusto, que «lançava baforadas de hálito, impregnado de alho» (pág. 69) e mostrava curiosidade por poemas eróticos;
  • as manas Vitorino, «ambas magras, cor de cidra, de nariz acavalado, bandós achatados, com enfeites pretos» (pág. 72);
  • o velho Serrão, «coronel reformado, com o seu espesso bigode grisalho, aparado à tesoura, a calça cor de flor de alecrim esticada pelas presilhas, ainda rijo, cheio de opiniões» (pág. 73);
  • a D. Joana Carneiro, «triste e macerada, com o seu cirro no estômago, muito lamentada por todos, que admiravam a sua resignação, apesar de lhe censurarem o mau hálito» (pág. 73), preocupada em arranjar um tacho ao sobrinho bacharel;
  • a D. Amália Saraiva, «cujos seios enormes pareciam dois pequenos odres» (pág. 73);
  • o casal Fradinho, ela de «peito alto e penteado soberbo», ele «fincando no nariz a luneta de ouro ou retorcendo entre os dedos finos a ponta das suíças de azeviche» (pág. 74).
Em suma, a biografia do Conde d'Abranhos por Z. Zagalo é um excelente exemplar do estilo de Eça de Queirós: mordaz e sempre atual. 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Esteiros

  
 O livro que estou presentemente a ler tem como título Esteiros,  sendo Soeiro Pereira Gomes o seu autor

   Em primeiro plano o livro mostra-nos que existe uma fábrica que irá fechar por estar a enfrentar uma crise. Aí trabalham algumas crianças para que depois pudessem receber o dinheiro merecido. Alguns queriam poupar este dinheiro para o futuro, outros gastá-lo-iam na feira que existia nos arredores. Ora João é uma das crianças que trabalhava nessa fábrica e é ele que, a meu ver, vai ser a personagem à qual o livro vai dar ênfase.

     Madalena, a mãe de João e antiga tecedeira, está muito doente  e o seu marido, o Pedro, está longe da família pois tinha de os sustentar e, dada a situação económica da família, João, que queria tanto estudar, não pôde realizar o seu sonho e teve de trabalhar na fábrica.

      O pai escrevia para a família em cartas, e nessas cartas sente-se o desejo ardente que filho seja bem sucedido na vida, sendo o desejo do pai  que o filho se torne doutor, mas Madalena não estava a conseguir que o filho estudasse para ser doutor.

       Um dia Madalena e o seu filho foram ter com o pai de um amigo de João, o Arturinho;  o pai do Artur  era rico e Madalena foi pedir-lhe que empregasse o filho na sua fábrica; enquanto a mãe falava com o "ricaço", o filho brincava com Arturinho mas com cada vez menos vontade, pois via que o amigo podia estudar e ter todos os brinquedos que queria e ele não tinha dinheiro nem para comprar um par de botas.

     Este é o livro que retrata a pobreza que os nossos pais e avós viveram. Pensemos nas pessoas que gostariam de aprender e não podiam pois a condição financeira da família não permitia e tinham de trabalhar já desde a infância.

   No meu ponto de vista, isto é um apelo aos jovens de hoje em dia para estudarem, para "agarrarem" as oportunidades que lhes são disponibilizadas e para nunca desistirem  e é por esta a mensagem que  eu gosto deste livro, para além os diferentes vocábulos pouco usuais (segundo o meu entendimento) e da precisão em retratar a pobreza daquele tempo.  
     

A Birra do Morto

O livro que estou a ler é um livro de teatro escrito pelo autor Vicente Sanches. Este livro contem três peças: «A Birra do Morto», «Promissão do Quinto Império» e «Metáfora».
Após a leitura da peça «A Birra do Morto», pude concluir que este livro vai ser muito interessante e cómico devido às falas de uma das personagens principais - a Viúva. 
Esta é uma peça sobre um morto que se recusa a ser enterrado. Após a sua morte, o morto é levado para a casa mortuária onde era suposto ser vestido e depois seguir para o caixão, mas ele alega " sofrer de claustrofobia" e recusa-se a vestir o seu fato e a colocar a gravata, saindo da sala destinada aos mortos e indo, em cuecas, para junto das pessoas que estavam na sala do velório, onde discute com as pessoas que lhe dizem para este se ir vestir, mas ele insiste. Entretanto, uma senhora manda chamar a Guarda Republicana, vindo um sargento e dois soldados que o obrigam à força bruta a colocar-se dentro do caixão. 
 O morto começa a inventar desculpas e mais desculpas para não ser enterrado, dizendo que quer despedir-se da sua esposa. Esta demonstra não estar muito triste com a recente viuvez.
Ao fim de uma longa entre o morto, a mulher e o guardas republicanos, finalmente conseguem fechar o caixão e a cerimónia fúnebre prossegue . 
Este é um resumo prévio da primeira peça. Quando terminar a leitura da segunda peça, volto para vos contar a história e dizer se gostei tanto como gostei da «A Birra do Morte».

O Amor É Fodido






obra que estou a ler intitula-se O amor é fodido e é  do autor Miguel Esteves Cardoso.
O livro relata um grande amor sem correspondência. A personagem principal, o João, encontra-se muito apaixonado, mas, para tentar esquecer a sua amada, a Teresa, que se havia suicidado, mantém relacionamentos de teor sexual com inúmeras mulheres .
Estou a gostar da leitura do livro que relata experiências interessantes, havendo constantes alterações ao rumo da história. A personagem principal tem um grande ego, sendo muito convencido relativamente à facilidade com consegue seduzir uma mulher neste caso não se preocupa com o que elas sentem mas sim em conseguir o que ele quer.
O vocabulário do livro é bastante acessível, sendo, portanto, fácil de ler.

     Para a disciplina de Literatura Portuguesa decidi ler o livro Inês de Castro, A Estalagem dos Assombros da autora Seomara da Veiga Ferreira. É um livro histórico fruto de grandes investigações e de estudo por parte da escritora. 

     O meu interesse pelo livro deveu-se ao facto de ser sobre o casal mais apaixonante e marcante da História de Portugal: Inês de Castro e D.Pedro.
    Com a leitura deste romance histórico poderei compará-lo a outro livro já lido sobre esta história de drama e amor.
    O livro é narrado por D.Beatriz, mãe de D.Pedro futuro Rei de Portugal. A rainha conta tudo o que se passa e já se passou á sua volta, as suas memórias e fala-nos sobre sobre a sua ama.
  D.Beatriz relata a personalidade de cada personagem histórica, dá conta dos interesses políticos entre Portugal e Castela acabando por narrar a paixão que D.Pedro sentia por Inês de Castro.
  Apesar se ser um livro extremamente descritivo, consigo colocar-me na história como se visualizasse os acontecimentos e as personagens. Esta história relata-nos com fidelidade uma época da História de Portugal. Até ao momento gostei do enredo do livro porque nos fala de um amor que não era possível de se concretizar devido aos interesses políticos.


Micaela Raposo

Inês de Portugal




O livro que escolhi para ler intitula-se Inês de Portugal de João Aguiar, tendo sido publicado pelas Edições ASA.
Esta história trata-se do romance trágico entre D. Pedro e Inês de Castro.
João Aguiar explica que esta obra é um romance e não um ensaio de reconstituição histórica, elaborado com base nas crónicas de Fernão Lopes e Rui de Pina, afirmando ter tomado algumas liberdades em relação à verdade histórica.
Na minha opinião, este livro é bastante interessante devido aos factos históricos narrados, mas, por outro lado, quando se lê esta obra é preciso estar-se bem atento pois o tempo narrativo é um pouco confuso: em alguns momentos da narração Inês de Castro está viva; já, em outros momentos, o narrador apresenta-nos D. Pedro, dominado pela raiva, a preparar a vingança em relação aos responsáveis pela morte da sua amada.
No entanto, pelo que já li, recomendo este livro, principalmente  a quem gosta de História e também a quem gosta de ler romances.




    Para o Projeto Individual de Leitura de Literatura Portuguesa, do 1.º período do ano letivo 2012/2013, escolhi o livro publicado pela Caminho e escrito pelo célebre autor português, José Saramago As Intermitências da Morte.
     Visto que estava com alguma dificuldade em encontrar um livro que me suscitasse interesse, a professora da disciplina sugeriu-me o título de algumas obras portuguesas de que eu poderia gostar. Após ter lido os resumos destas, achei que esta obra de José Saramago fosse a mais adequada para mim.
    Apesar de ainda estar na página 50 (de 214) tenho de admitir que estou a apreciar muito a leitura deste livro, pois, para além de achar interessante o assunto da obra, dá-me um gosto imenso saber que estou, pela primeira vez, a ler um livro da autoria de José Saramago.
    Relativamente ao que já li, posso resumir do seguinte modo: basicamente, a morte ''fez greve'' num país, ou seja, as pessoas simplesmente deixaram de morrer. Para muitos isto poderia ser o mundo ideal, no entanto o caos estava definitivamente lançado neste país nunca identificado.
     Um grande desafio recai aqui sobre os médicos e cientistas. 

domingo, 14 de outubro de 2012



A obra que estou a ler intitula-se Bocage – A Vida Apaixonada de um Genial Libertino, da autoria de Luís Rosa. Esta obra foi publicada pela Editorial Presença, na coleção «Grandes narrativas».

Escolhi ler esta obra pela harmonia, elegância e sensualidade figurada na capa, pelo facto de o autor ser tão conceituado, informação expressa na contracapa.
É um livro onde predomina o sentimento de encanto ao ler o romance “inspirado na riqueza de personalidade que evoca - Manuel Maria Barbosa du Bocage.”, personagem tumultuada, “onde coabitam o sublime e o prosaico, um espírito minado por inquietações vorazes que só na poesia e no amor se apazigua.”
Esta obra deixa transparecer “a duplicidade do poeta e da época em que lhe foi dado viver”, uma época que “o autor tão bem soube captar e deixar impressa nestas páginas que nos falam de um génio irremediavelmente embriagado com a sensualidade, o amor e a vida”.
É uma grande obra, não no sentido físico, pois só tem 224 páginas, mas sim no sentido do conteúdo, que nos leva a um céu de inquietação, de sensualidade, de amor e de vida.
Ainda assim, tenho tido algumas dificuldades na compreensão de uma ou outra passagem que se apresenta em alguns capítulos.

sábado, 13 de outubro de 2012

Cão como nós - Manuel Alegre.



Esta obra,  da autoria de Manuel Alegre, publicada pela Dom Quixote, tem como título Cão como nós.
Tem 117 páginas e é muito fácil e rápido de ler. 
Este livro chamou-me a atenção por ser sobre um cão e pela comparação presente no título: «Cão como nós».
Trata-se da história de um épagneul-breton (raça), um cão que era muito amado pela família de Manuel Alegre.
O autor usa esta frase para caracterizar Kurika: «Não era um cão como os outros. Era um cão rebelde, caprichoso, desobediente, mas um de nós, o nosso cão, ou mais que o nosso cão, um cão que não queria ser cão e era cão como nós.», ou seja, era um cão fiel, com dificuldades em obedecer, caprichoso como muitos outros cães, no entanto, era um cão diferente. Era mais inteligente, gostava de estar a sós com a família, «sempre presente-ausente», isto é, mesmo estando a sós com o dono e tendo uma grande afinidade com ele, não lhe obedecia e ignorava os seus chamamentos mostrando indiferença para com Manuel Alegre. Este era um dos seus caprichos, usado para mostrar ao dono que não era como os outros cães que tinham de obedecer às regras, pois não queria ser cão. Ele sabia que Manuel Alegre não o considerava como um membro da família, como um filho. Que repetia várias vezes: «cão é cão». Mas ao mesmo tempo sabia que ele não era um cão como os outros. Pelo simples facto de ele não querer ser um cão e querer ser um deles.
Kurika sabia que Manuel era o único que se opunha aos seus caprichos e que o obrigava a respeitar as regras da casa. Era o único da família que o via como um cão normal. A sua mulher e filhos viam Kurika como um ser humano, um membro da família, e eles tratavam-no como um ser único e diferente.
Após a morte do cão, cria-se um grande vazio na vida de todos os que o consideravam um cão diferente. Manuel Alegre, neste livro, no fundo, conta vários episódios da sua vida, vários dos momentos passados com Kurika, explicando também a falta que o cão faz, a ele e à sua família. O autor escrevia todos os dias a Kurika, como se estivesse a falar com ele. Ele dizia várias vezes ainda sentir a sua presença, tal como o cão sentia a do pai do autor, depois de este ter morrido.
Esta obra, cujo assunto me emocionou, obrigando-me a parar a leitura por um bocado, foi boa de se ler e ensina-nos a lidar melhor com os animais. Contém, também, várias expressões que nos levam ao riso.
A obra transmite que, apesar de, por vezes, não demonstrarmos o afeto que sentimos pelas coisas/pessoas que amamos estas conseguem perceber o quanto gostamos delas. Mostrando também outro comportamento típico do ser humano, o facto de nós só darmos valor às coisas/pessoas quando quase que as perdemos, ou mesmo quando as perdemos.
Ficando esta história no coração de qualquer pessoa que a ler.
Contém também, várias expressões que nos levam ao riso.


 Espero que vocês tenham a oportunidade de um dia de ler este livro.



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Sara Pereira.


 O livro Bichos, criado por Miguel Torga e publicado pela Coimbra Editora, é um livro composto por doze contos, cujos protagonistas são animais.
O que me convidou à leitura deste livro foi achá-lo com um tema interessante, porque gosto de animais. Nos animais admira-me a sua maneira de se guiarem pelo seu instinto.
O título suscitou-me curiosidade. Porquê a opção por "bichos" e não por "animais"? Terá sido por carinho? Ou terá sido por desprezo? Foram estas as perguntas que me surgiram.
Ao contrário do título, a capa não me disse nada, pois é muito simples.
Neste livro, cada conto demonstra-nos a parte sentimental de um animal, as suas aventuras e a sua inteligência. Não são racionais como os humanos, mas sentem a dor e o afeto.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O mistério da estrada de Sintra, feito por Eça de Queirós em parceria com Ramalho Ortigão e publicado pelo Circulo de Leitores, é um livro que sugere terror e suspense e é isso que se verifica.
Este é um livro que, já pelo titulo e pela ilustração da capa, convida à leitura. Considera-se, dentro da categoria de romances policiais portugueses, o pioneiro, isto é, o primeiro a ser feito com o tema de romance policial.
Segundo o resumo da obra, bastante sucinto, que se pode ler na contracapa, esta obra trata-se de "uma história  de um médico que regressava tranquilamente de Sintra na companhia de um amigo, quando ambos se vêem envolvidos num assalto de mascarados."
Ainda na contracapa podemos ler que: "Eça e Ramalho, dois notáveis vultos literários, parecem, no entanto, ter tido um único objectivo: divertir-se à grande, intrigando simultaneamente os seus leitores." O autor e seu parceiro parecem ter atingido o objetivo máximo de uma parceria: divertirem-se e fazerem um bom trabalho.
Como a intriga é bastante complexa, o que cativa os leitores, tenho sido obrigado a ler e a reler. Apesar disso, estou a gostar do livro e sinto-me muito curioso em relação ao desenrolar dos acontecimentos.
Não parem no meio do livro só porque o principio não vos agradou; há livros nos quais o melhor surge no fim.

Eça de Queiroz

Eça de Queiroz, escritor conceituado do séc.XIX, é um escritor organizado e perfecionista, ou seja, não deixa pontas soltas.
O crime do padre Amaro, uma das grandes obras do escritor, representa isto mesmo. Eça de Queiroz retrata no livro a vida e os costumes em pleno séc.XIX.
  Começa por localizar o romance em Portugal, depois explica os motivos que levaram à chegada de um novo páraco à cidade (Leiria).
  Uma das grandes características do escritor é contar toda a vida de cada nova personagem para conseguirmos perceber como ela pensa.

Acho um livro muito interessante que, apesar de ser grande, apresenta uma «bomba» em cada capítulo, ou seja, uma nova descoberta, um novo escândalo que entusiasma o leitor.
 Espero gostar do final do livro, e fico com a esperança que não seja tão trágico como o titulo faz crer.
Continuação de boa leitura
alunos de Literatura!!
                                                                                                               
                                                                                                         


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A CIDADE E AS SERRAS


Edição:LIVROS DO BRASIL 
Autor: EÇA DE QUEIRÓS
Páginas: 252

A obra que estou a ler no âmbito do Projeto Individual de Leitura intitula-se A CIDADE E AS SERRAS.


Esta obra foi publicada em 1901, um ano após a morte do seu autor, o ilustre escritor português Eça de Queirós. Trata-se, portanto de uma publicação póstuma.

Encontro-me numa fase inicial da leitura, em que a oposição entre o campo e a cidade ainda não é tão notória. Esta distinção é sobretudo visível na pessoa do narrador, Zé Fernandes (rapaz proveniente do campo) e Jacinto, o príncipe da boa fortuna (jovem rico habitante de Paris). Zé Fernandes e Jacinto são grandes amigos desde a infância!
Relativamente à obra propriamente dita centra-se na vida de um jovem parisiense, descendente de uma família nobre portuguesa, Jacinto.

Até ao momento tenho gostado da obra, apesar de nem sempre conseguir perceber na íntegra algumas passagens, o que me obriga a relê-las

domingo, 30 de setembro de 2012





D. Sebastião e o Vidente




Autora: Deana Barroqueiro (1945 - )
Edição: Porto, Porto Editora, 2006
Páginas: 640







D. Sebastião é uma das mais incontornáveis figuras da cultura portuguesa, o responsável pela crença nacional no salvador que virá resgatar o país nos seus momentos de crise.
No romance D. Sebastião e o Vidente, «As vidas de el-rei D. Sebastião e Miguel Leitão de Andrada entrelaçam-se desde o nascimento até ao desastre de Alcácer-Quibir». Embora poucas sejam as ocasiões em que estas duas personagens interagem, Miguel Leitão de Andrada acompanha o percurso de vida do rei, salvando-o de certas armadilhas e tentando que as suas visões relativas ao destino do rei não se concretizem: «O rei-menino, corajoso mas ingénuo, e o leal fidalgote de Pedrógão Grande, reconhecido na região como vidente e protegido de Nossa Senhora da Luz, veem-se implicados numa secreta e perigosa intriga de espionagem, com contornos sexuais. (...) O rei mais desejado da nossa história é, apesar de todas as esperanças da nação, um órfão falto de afetos, criado e educado por velhos, como a avó sedenta de poder ou o cardeal regente, tornando-se por fim em joguete involuntário dos desígnios imperialistas do seu tio, o implacável Filipe II de Espanha.»
É com efeito a Filipe II de Espanha que se atribui a maquinação da armadilha na qual o inocente rei caiu e que lhe provocou uma maleita física deveras embaraçosa. É também ao maquiavélico tio espanhol que se atribui parte da culpa pelo desaire de Alcácer-Quibir, pois prometera ao sobrinho colaboração na aventura africana, deixando-o sem rede no último momento.
Ao longo de todo o romance, a bravura do jovem rei é ressaltada: dotado de um «furor juvenil» e de um «furor belicoso», D. Sebastião não hesita perante os perigos e é o primeiro a avançar, dando o exemplo aos seus homens. Esta atitude revela-se frequentemente irresponsável, pois, para o protegerem, muitos homens perdem a vida: «e também [com a morte] de alguns homens do senhor D. Duarte, quando este procurava a todo o custo proteger el-rei que se metia constantemente pelos lugares de maior perigo, cheio de furor belicoso, a dar mostras do seu grande valor e perícia no manejo das armas.»
A fragilidade da saúde e as deficiências físicas de que D. Sebastião tanto se envergonhava são disfarçadas por um aspeto sadio e vigoroso: «O mancebo tinha uma figura gentil e era robusto de corpo, aparentando boa saúde. O rosto tisnado do sol a contrastar com os cabelos cor de cobre, salpicado de sardas que lhe [a D. Filipe II], faziam recordar a irmã Joana [mãe de D. Sebastião e irmã do rei de Espanha] que Sebastião não chegara a conhecer.» (pág. 449).
A arrogância e a vaidade são outras características do jovem rei; «El-rei D. Sebastião passou pelas portas de Tânger pomposo e ufano como um césar cruzando o arco do triunfo, em Roma para ser vitoriado pela multidão em delírio.» (pág. 422).
Esta personalidade justifica comportamentos como os que levaram à derrota de Alcácer-Quibir e, consequentemente, à perda da independência, em 1580.

A ÚLTIMA NAU
Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,
E erguendo, como um nome, alto o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago
Erma, e entre choros de ânsia e de pressago
Mistério. 
Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Voltará da sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro
E breve. 
Ah, quanto mais ao povo a alma falta,
Mais a minha alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou 'spaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço
Que torna. 
Não sei a hora, mas sei que há a hora,
Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério.
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império.

Fernando Pessoa

Aqui a visão de Manoel de Oliveira do triste dia 4 de agosto de 1578 (talvez o mais triste dia da história de Portugal): excerto do filme Non ou a Vã Glória de Mandar.

Quanto ao estilo, destaco o narrador (auto-apelidado de "cronista") que, à maneira do narrador garrettiano de Viagens na Minha Terra, dialoga com o leitor, justificando as suas opções narrativas («Sempre atento às necessidades de todos os seus leitores, pede o cronista licença para fazer aqui um pequeno interlúdio - palavra derivada do latim que, como o ilustre bacharel ou o insigne doutor em humanidades muito bem sabem, mas a gente comum pode desconhecer, quer dizer "no meio do jogo" -, suspendendo por momentos a ação principal da sua narrativa sem todavia lhe alterar o rumo, a fim de prover os menos entendidos nestes conflitos de infiéis com alguma informação adicional para uma melhor compreensão da nossa história. E a quem ela não fizer falta dar-se-á liberdade de saltar o obstáculo e prosseguir com a viagem. Sem ofensa tomada.» - pág. 439) e garantindo a veracidade do que narra («Todavia, não se espante o desprevenido leitor se o contrário ouvir em crónica de outra língua, sobretudo na castelhana, pois os nossos vizinhos, zelosos da sua honra e glória, sempre antojaram e apoucaram os feitos dos portugueses, pagando com o mal o bem que lhes fizemos através dos tempos. Deve, por isso, descrer de tais testemunhos e fiar-se antes de mais na palavra do seu narrador que, embora não estando presente no combate, dele teve minucioso conhecimento por muitas e honradas fontes.» - pág. 421).

sábado, 15 de setembro de 2012

O Amor Infinito de Pedro e Inês, de Luís Rosa

Neste livro, um tema e um autor de que gosto particularmente.
A minha predileção pelo romance histórico fez-me conhecer Luís Rosa, o autor deste livro, logo quando publicou o seu primeiro romance, O Claustro do Silêncio.
A história dos amores de Pedro e Inês é somente a mais bela história de amor da cultura portuguesa, matéria-prima para as mais diversas leituras artísticas. Se há "vidas que o são para sempre. Mesmo depois de mortas", a vida deste amor é uma delas, daí o aproveitamento artístico de que tem sido alvo. 'Seu nome ficou na história como símbolo do amor', canta José Cid (Balada para D. Inês (José Cid, Festival RTP da Canção, 1968)
E é o amor, ou a sua desmesura, que é apontado como o causador de todos os sucessos desta história: "O amor é essa turvação da alma, belo e desmedido, que faz o seu caminho por cima de tudo o que se inventa"; "Amaram-se. Daquela maneira que a gente não sabe dizer."; "Não lhe façam leis nem conveniências, pois o amor nunca caberá na quadrícula rectilínea duma regra, nem na pequenez de uma conveniência". Também Camões culpara o amor pela morte de Inês de Castro:

«Tu só, tu, puro Amor, com força crua,/Que os corações humanos tanto obriga,/Deste causa à molesta morte sua,/Como se fora pérfida inimiga./Se dizem, fero Amor, que a sede tua/Nem com lágrimas tristes se mitiga,/É porque queres, áspero e tirano,/Tuas aras banhar em sangue humano.» (Camões, Os Lusíadas, III, 119).

A linguagem doce, filosófica e até um pouco onírica é bruscamente substituída pela frieza no momento em que se narra a execução de D. Inês, combinando a crueza da expressão com a brutalidade dos atos apresentados:

"Conselheiros, fidalgos e oficiais de justiça subiram em turbamulta as escadas do paço. Vários homens agarraram Inês, que inutilmente esbracejava.
Alguém deu ordem ao algoz para que a degolasse. Depressa, para que o pensamento não pensasse mais, nem houvesse razões para adiamentos.
Afastaram-lhe os filhos em choro. E quando o algoz avançou, a bela mulher ainda fez um esforço de leoa cercada, para lhe cravar as mãos na veste do ofício medonho. Inútil. Outros lhe prenderam as mãos atrás das costas e a fizeram vergar sobre o cepo.
O carrasco deu um golpe apenas, eficaz e certo, de quem sabia do ofício. Como ponto final do auto ficcionado de cruenta realidade.
Fez-se silêncio brusco. Aqueles que se não suportaram a si próprios fugiram espavoridos."

Não podemos deixar de referir, para terminar, o rigor histórico que caracteriza a escrita de Luís Rosa e que é bem notório neste romance. Prova disso são as referências: ao relacionamento de D. Pedro com o seu pai, D. Afonso IV; à sede de vingança que levou D. Pedro a perseguir e castigar de forma violenta os responsáveis pela morte de D. Inês; aos detalhes dos túmulos do casal; à trasladação e coroação daquela que "despois de morta foi Rainha". Foi também por respeito ao rigor histórico que Luís Rosa resistiu à tentação de inserir no seu livro a cena lúgubre com que, vulgarmente, se culmina a história de Pedro e Inês e à qual não resistiram os realizadores destes dois filmes, tão distantes um do outro no tempo:
Inês de Castro, de Leitão de Barros (1944)
La Reine Morte, de Pierre Boutron-Montherlant (2009)



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Travessuras da Menina Má

Este não é um livro de um autor português, mas foi o primeiro livro lido nestas férias de verão e também o primeiro que li de Mario Vargas Llosa, Prémio Nobel da Literatura em 2010.
O livro foi comprado para oferecer a uma amiga que andava a descobrir a obra do autor peruano. Sendo este um dos títulos mais conhecidos, aconteceu o óbvio: ela já o tinha. Apressei-me a escolher outro para lhe oferecer e dediquei-me à leitura das Travessuras da Menina Má.
A existência de Ricardo ao longo de grande parte do séc. XX é narrada na 1.ª pessoa e gira à volta de dois grandes eixos: a vida profissional como tradutor, em Paris, cidade para onde Ricardo, desde pequeno, desejava emigrar; a vida amorosa, quase totalmente dedicada a uma mulher que aparece e desaparece da vida do protagonista, consecutivamente, com nomes, maridos e vidas diferentes. Esta mulher, a 'menina má', produz em Ricardo um fascínio que se iniciou na adolescência, ainda no Peru, e que não tem fim, provocando na personagem-narrador a sensação de fracasso, pois, apesar das várias promessas que faz a si mesmo de não voltar a cair nas teias da 'menina má', Ricardo não resiste, submetendo-se aos caprichos dela, correndo diversos perigos, viajando por diferentes locais (Londres, Tóquio, Madrid), ora procurando-a, ora tentando escapar-lhe.
A 'menina má', cujo verdadeiro nome só é descoberto no final, é uma mulher que se serve da sua beleza e do encanto que provoca nos homens para ascender socialmente, trocando cada marido por outro que lhe garanta um degrau acima na escadaria social. Só por uma vez a 'menina má' passa de controladora a controlada, quando se apaixona pelo único homem que não a trata bem, tendo de se auto-superar para se libertar desta situação. Para ela, Ricardo não passa do porto seguro a quem pode recorrer sempre que está em maus lençóis. Por vezes, esforça-se por amá-lo e por se conformar a uma existência que considera medíocre, mas a ambição é mais forte do que ela.
O final é, no entanto, doce e Ricardo tem, em certa medida, uma espécie de recompensa por uma vida de dedicação. Isto não impede que, enquanto leitora, tenha sentido alguma incredulidade a até revolta. Como pode alguém rebaixar-se ao ponto de cair repetidamente na mesma armadilha? Como pode alguém abusar do amor que outro sente por si, não se importando com os danos que causa? Haverá amor que resista a tal tratamento?

«No meu quarto de hotel, deitei-me na cama, vestido. Sentia-me fatigado, magoado e ofendido e não tinha disposição nem para despir a roupa. Passei horas com a mente em branco, acordado, sentindo-me uma porcaria humana impregnada de estúpida inocência, de ingénua imbecilidade. Durante todo o tempo, repetia com os meus botões, como um mantra: 'A culpa é tua, Ricardo. Já a conhecias. Sabias do que era capaz. Nunca te amou, sempre te desprezou. Porque é que choras, borra-botas? De que é que te queixas, o que é que lamentas, paspalhão, pateta, imbecil? É o que tu és, tudo o que ela te chamou e mais ainda.(...)'».

O livro proporciona-nos ainda alguns quadros relativos à evolução da situação política no Peru no séc. XX.